quinta-feira, 5 de julho de 2018

Manoel José Dantas, um sacristão zeloso


José Dantas Furtado, paraibano de Catolé do Rocha, chegou ao Apodi na segunda metade do século passado, onde se consorciou com Dona Joaquina Dantas. Desse consórcio houve nove filhos. Manoel José Dantas foi o segundo filho do casal, nascido em 19 de janeiro de 1883. 

Não fugiu à tradição do pai, antigo sacristão da Igreja Matriz do Apodi. Aos noves anos de idade já ajudava na missa da matriz, época em que o vigário Antônio Dias da Cunha encerrava suas atividades evangélicas. Padre que se tornou famoso na ribeira do Apodi, pelas suas conquistas amorosas, das quais deixou descendentes na terra. 

Manoel José Dantas foi aluno do Professor Antônio Laurênio Dantas, com que aprendeu português, matemática e outras matérias. O latim, usado nos atos religiosos, aprendeu com o seu genitor. 
Durante 77 anos serviu como sacristão da antiga Matriz de São João Batista, convivendo com mais de 25 vigários, o que lhe proporcionou um relativo grau de conhecimentos e boa prática de relações públicas. Somente se afastou de suas atividades, quando a saúde não lhe permitiu mais trabalhar. 
Sua dedicação, seu zelo, o amor ao trabalho da sacristia, é coisa rara entre os que assumem compromissos para desempenhar funções. Metódicos, rigoroso e exigente nas suas atividades, Manoel Dantas orgulhava-se de cumprir, com extremada pontualidade, seus deveres de sacristão, tudo realizado no tempo exato, sem nada esquecer. Chegava sempre antes da hora. 

Era, ao mesmo tempo, um atento observador do comportamento das pessoas na igreja, por ocasião dos atos religiosos. Desviando-se da ordem exigida, Manoel Dantas não perdoava. Repreendia imediatamente o faltoso. 
Não admitia nem se conformava com pessoas conversando dentro da igreja, durante as celebrações, principalmente mulheres. Opunha-se, intransigentemente, aos trajes para ele ofensivos à casa de Deus. e era inimigo rancoroso de meninos que jogavam bola no patamar da Igreja, expulsando-os energicamente daquele local. 

Dizia sempre o zeloso sacristão que “a igreja é lugar de respeito, de oração. É a casa da mãe de Deus. Não vamos admitir que alguém tente desrespeitá-la”. Com o seu afastamento da antiga matriz, as coisas foram mudando. O patamar transformou-se numa quadra de esportes. Suas portas são hoje, lugares preferidos paras cenas indecorosas de amor. Como não estava sofrendo a ama do nosso extraordinário sacristão?... Observando, estarrecida, a profanação desses lugares, onde ele tanto pisou, com tanto amor, respeito e carinho. 

Não se limitava apenas a ajudar o vigário nos atos religiosos. Fabricava hóstias, fazia limpeza, arrumava, fazia anotações, escrevia nos livros de registro de batizados e casamentos. 
Um dos seus hábitos, que não falhava, durante o longo período em que desempenhou as atividades de sacristão, era abrir a igreja de madrugada cedo. Igreja que serviu de cemitério no passado. Afirmava Manoel Dantas que nunca viu uma alma naquele local, pois não acreditava que elas aparecessem aqui na terra. 
Manoel José Dantas também participou da vida social e política da cidade. Foi músico na juventude, ajudou a fundar sociedades, participou de luta política, tendo sido eleito vereador no pleito eleitoral de 1948, pelo Partido Social Democrático – PSD. 

Contam que, certa vez ao receber um home, que viera encomendar uma missa, Manoel Dantas explicou ao mesmo, que o preço, por ordem do bispo, aumentara para dois mil réis. O homem só trouxera mil e quinhentos réis. Levando o problema para o vigário resolver, obteve esta resposta: “Por uma missa celebrada por mim, ajudada por você, Manoel, é dinheiro demais!”. 
Ouvindo as palavras do vigário, o homem entregou o dinheiro. Mas retirou-se apreensivo, quase descrente no valor espiritual da missa que acabara de encomendar. 
No dia 17 de abril de 1973, deixava de existir Manoel José Dantas. Morria o mais antigo sacristão do Apodi. Um exemplo extraordinário de dedicação ao trabalhou que abraçou. 

Os trabalhos de Manoel José Dantas, como sacristão da igreja do Apodi, durante mais de três quartos de séculos, com dedicação e carinho, lutando e zelando as coisas da paróquia, dia e noite, sem medir sacrifícios, não foram correspondidos, pela própria organização à qual serviu com tanto orgulho. 
Negaram-lhe as atenções e homenagens das quais era digno e merecedor. Lamentamos registrar esta nota, mas, para sermos coerentes com a própria história, somos obrigados a fazê-lo, no momento em que evocamos a figura do antigor servidor da Matriz do Apodi. 

Fonte: História e Vultos de Minha Terra - Válter de Brito Guerra(1985).
VIA – BLOG TUDO DE APODI

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